Sede - Zanettini

Sede Zanettini - LABORATÓRIO, OFICINA E ESTÚDIO

Este projeto representa, antes de mais nada, um esforço em favor da construção industrializada na procura contínua de desenvolvimento qualitativo e na diminuição
de tempos e custos da obra.

Espaço em constante mutação, funcionando ainda como “show-room” de técnicas, sistemas de montagens e de materiais, foi concebido utilizando elementos intercambiáveis, a partir dos quais, pode ser alterado não só o espaço original como também pode ser substituída a grande maioria dos componentes utilizados: desde a estrutura formada de perfis de aço “I” seccionadas junto aos nós e a eles aparafusados, passando pelas vedações externas, neste caso, utilizando painéis “WALL” compostos de duas chapas de fibrocimento que encapam o sarrafeamento interno de madeira de 5,5cm de espessura, com dimensões de 1,20x2,50 e encaxilhadas em perfis de aço galvanizado e que acompanham toda a modulação de 1,25cm da estrutura, pintados externamente nas cores branca, cinza e vermelho e envernizados internamente.

Seguindo o processo utilizado para concepção global de sub-sistemas montados sucessivamente, o tempo para montagem de todos os painéis de vedação externa
levou 30 dias, obedecendo a parcela do cronograma geral de montagem da obra
que foi de 7 meses.

Passam ainda por essa condição de flexibilidade e versatilidade de concepção e uso,
as esquadrias de alumínio de vários tipos, os vidros laminados e temperados de varias cores, os diversos revestimentos de pisos, as impermeabilizações da cobertura e caixa d’água, as divisórias, o sistema de iluminação e de ar condicionado , assim como ainda, interruptores, fechaduras, louça sanitárias, ferragens e demais componentes da obra.

Assim como todos os elementos utilizados, os painéis “WALL” estão sendo testados, verificando-se o seu desempenho no tempo quanto a resistência e durabilidade a intempérie, estanqueidade a água e seu comportamento no isolamento térmico, assim como estão sendo analisadas as juntas, as conexões e interfaces deles com os outros materiais.


Um Atelier sob medida

Redução de tempo e custos se somam à leveza dessa obra de Siegbert Zanettini, onde a opção pelo sistema industrial com aço responde à necessidade de projetar um espaço mutante.

Velocidade para reduzir o tempo. O consagrado axioma da física é uma realidade
que se acentua na arquitetura baseada em processos industriais, a exemplo das construções com aço. A partir de estruturas que são apenas montadas e parafusadas no local é possível se reduzir até pela metade o tempo normalmente gasto em obras convencionais.

Como se trata de um processo industrial, torna-se necessário o planejamento rigoroso das etapas que se superpõem: enquanto a fábrica produz as estruturas, o canteiro cuida, por exemplo, do suporte em concreto para as instalações hidráulicas.
Além disso há a possibilidade de se criar um projeto modular que cresce segundo as necessidades do usuário.

Essas entre outras razões levaram o arquiteto e professor Siegbert Zanettini a optar pelas estruturas de aço na construção de seu ateliê, decisão calculada por quem além de arquiteto será também proprietário e usuário. O projeto consumiu cerca de seis meses de trabalho e a obra cinco: “Quanto mais se disseca o projeto, menos tempo consome a obra”, observa o arquiteto.

Múltiplas funções

O projeto é marcado pela versatilidade de um espaço que abriga simultaneamente o escritório de arquitetura com suas demandas por arquivo, biblioteca, apoio de produção de maquetes, fotos e a condição de show-room de pisos e revestimentos. A opção pelo sistema industrial com aço proporcionou uma economia de tempo avaliada pelo arquiteto em cerca de 6 a 7 meses, o que em era de inflação galopante - e mesmo fora dela - representa uma redução brutal de custos.

Estruturamente, o edifício é formado por duas grandes treliças laterais, enquanto as lajes, feitas em duas etapas, dão contraventamento e amarração ao edifício. “Obras como essa são diretas, mostram a estrutura como ela é, revelam as vedações, as instalações. Daí a necessidade de um planejamento impecável, já que o disfarce se torna impossível”.

Como as lajes são responsáveis pela estabilidade do edifício, o arquiteto descreve o processo: “as transversais metálicas são apoiadas primeiro sobre uma pré-laje de concreto do tipo “tangran” que serve de fôrma e se apoia sobre o travejamento metálico. Por cima, funde-se uma capa de concreto e o conjunto se solidariza com a viga “I” suporte, formando um ‘T’ estrutural, cujo sistema dá a estabilidade final á obra.

A montagem se deu por parafusamento, o que proporciona economia de tempo em relação às sondagens. Dessa forma, todas as peças foram produzidas na indústria onde a estrutura
passou pelos processos de limpeza, usinagem, jateamento e pintura. Posteriormente se procedeu à desmontagem e remontagem no local da obra. Lá, a grande caixa estrutural de aço contraventa com o bloco hidráulico, único módulo da construção onde se empregou o sistema tradicional.

Quatro pilotis em “V” constituem parte das treliças. No segundo andar, o projeto previu a criação de um mezanino para o qual foi deixado o vigamento resultando daí o efeito de pergolado. “A idéia é criar um espaço em mutação, afirma Zanettini. E o aço se presta perfeitamente a projetos integrados, já que se trabalha com perfis intercambiaveis a partir dos quais se altera inclusive o sistema de iluminação através de parafusos de pressão ou ganchos”, explica. Essa versatilidade proporcionou ao arquiteto a instalação de um espaço original pelas funções e acabamentos. O escritório funciona como um “show-room de materiais e além da exposição se presta a testar a resistência e durabilidade dos componentes pelo uso real a que estão submetidos.

Exercitando a linguagem dos vazios

Dessa forma, os painéis e vidros que constituem as vedações das estruturas são de cores e materiais diferentes. O piso no segundo andar é um mostruário de cores e no terceiro além das cores há a diversidade dos próprios materiais com a introdução do carpete. Os banheiros funcionam como locais para ensaios de tintas, assim como as fachadas apresentam inúmeros caixilhos.

Aquilo pela discrição poderia sugerir um conjunto caótico, tamanha a diversidade de elementos, surge como um resultado ousado, surpreendente pelas soluções plásticas criativamente arrematado pela cor púrpura da estrutura metálica.

A desinformação sobre as possibilidades do aço gera uma visão superficial por parte de usuários e que rebate na universidade resultando num circulo vicioso. O material surge como um subproduto, destinado a construções provisórias. O ateliê é em certa medida uma resposta a essa situação - como outras obras já executadas pelo escritório - e avança também ao propor um repertório mais leve em termos de cores e materiais. Além das vantagens de custo, qualidade e prazo, é uma obra original diferente dos projetos em série, comuns na produção arquitetônica.